Em todo o Brasil, 996.867 pessoas esperam pela realização de perícia médica do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) para começar a receber benefícios. Mas essas são as pessoas que já têm uma data para que a perícia seja realizada, ou seja, casos como o de Sebastião nem entram nessa conta.
O número é do Ministério da Previdência Social. Esses quase 1 milhão de brasileiros aguardam perícia por diferentes razões, desde Benefício de Prestação Continuada (BPC) a auxílios por incapacidades e pensão por morte, por exemplo.
Este é o mês de março com maior número de pessoas na fila nos últimos quatro anos. Em março de 2020, eram 726.894 brasileiros aguardando perícia — foi quando os agendamentos pararam por conta da pandemia. No mesmo mês em 2021, o número caiu para pouco mais de 635 mil pessoas. Em março do ano passado, o número voltou a crescer e ultrapassou 828 mil.
Segundo a presidente do Instituto Brasileiro de Previdência Social (IBDP), Adriane Bramante, o aumento se deve ainda a consequências da pandemia. O INSS trabalha com o acúmulo de pedidos gerado durante os meses mais agudos da Covid-19 em 2020, quando as perícias pararam, além do fato que a pandemia fez com que aumentasse também o número de benefícios pedidos.
Outro fator que explica esse aumento na fila das perícias é o próprio sistema do INSS. “O Dataprev é extremamente ruim. No último dia 10 de março, por exemplo, ele travou e parou. Todas as pessoas que tinham perícia agendada para aquele dia tiveram que reagendar e terão que esperar uma nova data de perícia. Isso deixa a fila ainda maior”, explica a presidente do IBDP.
O Ministério da Previdência Social informou que segue trabalhando para garantir o aumento na quantidade de perícias médicas realizadas por mês. E que o Departamento de Perícia Médica Federal e o INSS estudam a melhor maneira de se realizar mutirões de atendimento e quais localidades devem ser priorizadas.
Segundo o governo, o estoque de agendamentos para perícia médica federal sofreu grande impacto nos últimos anos devido à pandemia e à greve dos médicos peritos e servidores do INSS em 2022.
No Brasil, a cada 100 mil habitantes, 566 estão na fila da perícia médica do INSS. Os estados com os maiores índices são Piauí, com 1.320 pessoas na fila a cada 100 mil habitantes; Alagoas, com 1.153; e Rondônia, com 1.023.
Além destas, outras sete unidades da Federação também têm índice acima da média nacional. São elas: Sergipe, Mato Grosso, Ceará, Tocantins, Distrito Federal, Maranhão e Bahia.