Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, levaram ao menos 64 corpos para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, ao longo da madrugada desta quarta-feira (29). A ação ocorreu após a megaoperação policial realizada na região e no Complexo do Alemão, considerada a mais letal da história do estado.
O último balanço divulgado pelo governo do Rio de Janeiro, na terça-feira (28), informava 64 mortes — sendo 60 suspeitos e quatro agentes de segurança. Com os corpos levados à praça, o total de mortos subiu para 128. O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou que os corpos encontrados pelos moradores não constam, até o momento, na contagem oficial.
As vítimas, todas do sexo masculino, foram retiradas de uma área de mata conhecida como Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde se concentraram os confrontos entre policiais e criminosos. Moradores relataram que o objetivo de levar os corpos à praça foi facilitar o reconhecimento por familiares, deixando-os com o tronco descoberto para evidenciar tatuagens e cicatrizes.
Testemunhas descreveram cenas de extrema violência, com corpos apresentando múltiplas perfurações e ferimentos graves, alguns com o rosto desfigurado.
De acordo com informações da Polícia Civil, o reconhecimento oficial será feito no prédio do Detran, ao lado do Instituto Médico-Legal (IML) do Centro do Rio, a partir das 8h desta quarta-feira. O acesso ao IML estará restrito à Polícia Civil e ao Ministério Público, responsáveis pelos exames periciais. As demais necropsias, sem relação com a operação, serão realizadas no IML de Niterói.
Imagens: Raull Santiago /


