Os policiais militares acusados de matar 14 pessoas em Milagres (dos quais 8 eram suspeitos de ataques a bancos e 6, reféns) foram autorizados pela Justiça Estadual a retornarem ao policiamento ostensivo no Estado – com exceção do Município onde aconteceu o episódio, em dezembro de 2018. Ao total, 19 PMs são réus por crimes ocorridos na Tragédia em Milagres.
A decisão que revogou as medidas cautelares impostas aos PMs foi proferida pela Vara Única da Comarca de Milagres, na última terça-feira (7). “No caso em testilha, as medidas foram deferidas para evitar a influência dos acusados sobre as testemunhas, considerando que boa parte dos réus é policial de elite. No entanto, a maioria reside e trabalha em Fortaleza. Além disso, não apresentam fatos desabonadores em suas fichas, muito pelo contrário”, considerou o juiz Otávio Oliveira de Morais.
“Por outro lado, impedi-los de exercer atividade ostensiva, além de gerar prejuízo financeiro aos réus, conforme por eles aduzido, gera prejuízo ao próprio Estado que fica impedido de utilizá-los em suas atividades fins, para as quais foram treinados com dinheiro público. Desse modo, entendo que é suficiente proibir os acusados de exercerem atividades ostensivas no Município de Milagres, onde residem as testemunhas”, finalizou o juiz.
15 policiais militares são réus pelos homicídios ocorridos em Milagres, na madrugada do dia 7 de dezembro de 2018. Outros 4 militares são réus por fraude processual, junto do então vice-prefeito de Milagres.
Entenda o caso que matou 5 serra-talhadenses da mesma família
Um grupo de criminosos armados e com reféns tentou assaltar duas agências bancárias da cidade de Milagres, na Região do Cariri do Ceará, na madrugada do dia 7 de dezembro de 2018. Houve intensa troca de tiros e pelo menos 14 pessoas morreram, incluindo os 5 serra-talhadenses da mesma família, segundo informou a Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) da Perícia Forense (antigo IML) da cidade de Juazeiro do Norte, que recolheu os corpos.
A tentativa de roubo aconteceu por volta de 2h17 da madrugada. Houve confronto entre os policiais e os criminosos. Diversos carros da PM foram usados para conter a quadrilha. Devido à ação da Polícia Militar, o grupo criminoso não conseguiu levar o dinheiro de nenhum dos estabelecimentos bancários. Os dois bancos ficam na Rua Presidente Vargas, no Centro de Milagres, no Ceará, que tem 28 mil habitantes.
O empresário João Batista Magalhães, de 46 anos, o filho Vinícius Magalhães, de 14, a cunhada de João, Claudineide Campos, de 41, acompanhada do marido, Cícero Tenório, de 60, e do filho, Gustavo Tenório, de 13, foram feitos reféns e mortos.