A metformina, conhecida comercialmente como Glifage e vendida por cerca de R$ 6, voltou a ganhar destaque nas redes sociais — desta vez, como suposta alternativa para emagrecer. O medicamento, porém, é indicado há décadas apenas para o tratamento da diabetes tipo 2, pré-diabetes e síndrome dos ovários policísticos (SOP).
📌 Funciona para emagrecer?
Estudos mostram que a metformina pode levar a uma perda média de 2% a 3% do peso corporal, o que equivale a apenas dois ou três quilos em uma pessoa de 100 kg. Para ser considerada eficaz no combate à obesidade, a perda deveria ultrapassar 5%.
“O efeito é pequeno e inconstante. É um excelente remédio para diabetes, mas não para tratar obesidade”, resume Fabio Moura, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Especialistas lembram ainda que o impacto é maior em pessoas com resistência à insulina (como diabéticos ou pacientes com SOP). Em indivíduos saudáveis, praticamente não há resultado.
📌 Riscos do uso sem prescrição
Apesar de ser considerada segura, a metformina pode causar:
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Náusea, diarreia e dor abdominal;
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Deficiência de vitamina B12 no uso prolongado (com risco de anemia e cansaço);
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Raramente, acidose láctica, complicação grave em pessoas com insuficiência renal.
“Quando alguém toma metformina sem indicação médica, além de se expor a efeitos colaterais, está jogando dinheiro fora”, alerta Alexandre Hohl, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).
📌 Por que virou tendência?
O interesse no medicamento cresceu em comparação com os modernos análogos de GLP-1, como Ozempic e Mounjaro, usados contra a obesidade. Mas a metformina apenas estimula de forma discreta a produção desse hormônio, sem efeitos significativos na saciedade.
“É uma ilusão achar que a metformina é uma versão barata dos novos remédios. O efeito é muito limitado”, reforça a endocrinologista Lyz Helena Aires Lopes.