O Ministério Público Federal (MPF) denunciou quatro pessoas por envolvimento com operações financeiras clandestinas, evasão de divisas e lavagem de ativos ilícitos em Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Goiás, além da Flórida, nos Estados Unidos (EUA). A rede criminosa foi alvo da Operação Amphis, deflagrada pela Polícia Federal em 2020. Ao longo de dez anos, o esquema movimentou mais de R$ 250 milhões.
Segundo a denúncia apresentada pelo MPF à Justiça, o principal método utilizado pelo grupo era o de “dólar-cabo”, como revelado pela Operação Amphis. Intermediários convertiam moeda nacional em estrangeira, ou o contrário, sem passar pelo sistema bancário internacional. Eles manipulavam contas abertas em nome próprio, de terceiros e de pessoas físicas e jurídicas fictícias, utilizando documentos falsos para fragmentar os montantes e ocultar a origem e o destino dos valores.
A PF conseguiu identificar que as empresas de fachada do ramo de importação e exportação vinculadas ao esquema, assim como empreendimentos de outras áreas ligadas aos denunciados, não possuíam operações reais em seus endereços declarados ou não tinham funcionários.
Um dos quatro denunciados pelo MPF, considerado com papel central no esquema, é acusado de lavar dinheiro, para ocultar a origem ilícita dos ativos, com a compra de um veículo com recursos das atividades ilegais. Ele também teria realizado dezenas de operações de “dólar-cabo” e movimentado altos valores em transações com pessoas envolvidas em práticas ilícitas semelhantes.
Ainda segundo o MPF, outros dois denunciados, um deles cidadão norte-americano, atuavam no mercado de câmbio paralelo, utilizando contas no Brasil e nos EUA para efetuar remessas clandestinas de recursos ao exterior, via “dólar-cabo”. Eles controlavam contas de empresas fantasmas e se associavam a outros membros do grupo para realizar transações criminosas.
A quarta pessoa denunciada é apontada como “sócio-laranja”, acusada de falsificação e uso de documento falso. Ele inseria informações falsas em estatutos sociais de empresas fictícias abertas em seu nome, permitindo o uso de contas bancárias para movimentação de milhões de reais, mesmo tendo um padrão de vida simples e inconsistente com os valores.
Operação Amphis
As investigações que levaram à Operação Memphis focaram na apuração de crimes ocorridos a partir de 2018. O trabalho investigativo incluiu quebra de sigilo telemático, análise de mídias apreendidas, relatórios de perícia contábil-financeira e Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Foto: Divulgação/Polícia Federal
Fonte: CBN Recife