Encontro marcou o início das negociações bilaterais entre Brasil e EUA, com suspensão de tarifas e possibilidade de visitas recíprocas entre os líderes
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (27) que a reunião com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva foi “muito boa” e voltou a elogiar o líder brasileiro, que completou 80 anos nesta segunda.
“Tivemos uma reunião muito boa, vamos ver o que acontece. Eles gostariam de fazer um acordo… quero desejar feliz aniversário ao presidente, hoje é o aniversário dele. Ele é um cara muito vigoroso, na verdade, e foi muito impressionante”, disse Trump a repórteres antes de embarcar para o Japão.
Início das negociações comerciais
O encontro entre Lula e Trump aconteceu no domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, e marcou o início formal das negociações comerciais entre os dois países, em busca de uma solução para as tarifas de 50% aplicadas pelos EUA a produtos brasileiros.
Após a reunião, as equipes de ambos os países deram início às negociações já nesta segunda-feira. Segundo a repórter Raquel Krahenbuhl, uma cúpula brasileira de alto nível, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Economia, Fernando Haddad, irá a Washington na próxima semana para dar continuidade às conversas.
Lula demonstrou otimismo e afirmou que um acordo deve ser concluído nas próximas semanas, mantendo contato direto com Trump sempre que necessário.
“Se depender de mim e de Trump, vai ter acordo”, disse o presidente brasileiro, destacando que entregou uma lista de reivindicações — incluindo o fim das tarifas e das sanções a ministros do STF e ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Discussões sobre tarifas e comércio
Durante a reunião, Lula reforçou que o Brasil apresenta déficit comercial com os EUA, o que, segundo ele, não justificaria a aplicação das taxas de 50% sobre produtos brasileiros. O chanceler Mauro Vieira confirmou que o Brasil solicitou a suspensão das tarifas durante o período de negociação.
Trump, por sua vez, se disse impressionado com a história de vida de Lula, incluindo o período em que esteve preso, e elogiou sua postura e vigor.
Conversa sobre Bolsonaro
O encontro também abordou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula afirmou que explicou a Trump que o processo foi sério e baseado em provas contundentes, ressaltando que Bolsonaro faz parte do passado da política brasileira.
Segundo a GloboNews, a interlocução de Lula com Trump foi interpretada pelo entorno de Bolsonaro como uma derrota política, já que Lula passou a ocupar o espaço de principal interlocutor do Brasil com os EUA.
Venezuela e política internacional
A tensão entre os EUA e a Venezuela também foi tema da conversa. Lula destacou a experiência do Brasil como potência regional e se colocou à disposição para atuar como mediador, buscando manter a América do Sul como zona de paz.
O presidente brasileiro ainda afirmou que o Brasil não apoia a ideia de uma nova Guerra Fria entre grandes potências e defendeu relações equilibradas com todas as nações, incluindo a China.
Próximos passos
A reunião marcou o primeiro passo do processo de negociação bilateral. O ministro Mauro Vieira explicou que será definido um cronograma de negociações para tratar de todos os setores afetados pelas tarifas.
Além disso, houve entendimento sobre a possibilidade de visitas recíprocas: Trump manifestou interesse em ir ao Brasil, e Lula também se mostrou disposto a visitar os EUA futuramente, sem datas definidas até o momento.
“Esperamos, em algumas semanas, concluir uma negociação que trate de cada um dos setores e áreas de comércio bilateral, incluindo minerais críticos e terras raras”, afirmou Vieira, reforçando a disposição brasileira para dialogar sobre todos os pontos.


